Conversa sobre pescaria e as riquinhas
Peixe bom de pescar (e comer!) no Pantanal é o pacu. Carnudo e saboroso, tem dentes afiados, semelhantes aos da piranha, e vive em cardumes. Alimenta-se de frutos que flutuam na água, e por isso as crianças fisgam o pacu com o fruto da laranjinha-do-mato ou com os coquinhos do carandá. E dão a dica: “Os pacus costumam beliscar primeiro e só depois engolem o fruto”. Então, não é bom puxar a linha logo na primeira beliscada, senão o peixe foge. É preciso ser paciente e esperar que ele coma a isca e vá embora com a linha.
Na volta da pescaria, eles limpam os peixes nas margens da lagoa Uberaba, pertinho da casa, nos aparadouros de tábuas em que também lavam louças e roupas. Depois, ajeitam uma churrasqueira: um buraco no chão com um feixe de lenha, coberto por talos de palmeiras que fazem as vezes de grelha. Pronto, é só colocar os peixes para assar.
Na ilha Ínsua não existe silêncio enquanto o sol brilha. A sinfonia predominante é a das ricas, periquitos verdes que cantam sem parar, fazendo algazarra nas inúmeras palmeiras de lá. Onde tem coquinho, lá estão elas. É no carandá, na bocaiuva e no acuri. No amanhecer e no alvorecer, elas aumentam o tom da música. São milhares procurando um poleiro para dormir. E só sossegam com a escuridão da noite. As crianças pantaneiras costumam ter riquinhas de estimação.
2 Comments
achei muito legal
nota 100
Gostei 👍. Nota 10
Add Comment