Visca fala sobre arte e processo criativo
Visca é ilustrador e artista plástico. Vive e trabalha em São Paulo e, desde 2003, atua como artista visual. É colaborador do jornal Folha de S. Paulo e tem trabalhos em publicações nacionais e internacionais. Visca já participou de várias exposições coletivas, como Grupo quatro e convidados – Casa Pinheiros; Um Cartaz para São Paulo, em comemoração dos 454 anos no Centro Universitário Maria Antônia; exposição global coletiva e lançamento do livro OCHO, organizado pela Rojo Magazine; Entre outros – Espaço Soma; Intervenções Urbanas – Tamarindo Concept; Tinta Edições de Arte – Espaço Brain4Ideas. Além disso, Visca também exibiu algumas de suas ilustrações editoriais na galeria do Senac Lapa Scipião e realizou exposições individuais, como Invasões Eletrônicas, na galeria Volcom Flagship, e Universo Urbano – Visca. Em 2012, participou do quarto volume da coleção Illustration Now! publicado pela Taschen Books. Ilustrou os livros infantis Folclore de chuteiras e Não falta nada, ambos publicados pela Peirópolis.
Peirópolis – As ilustrações e o projeto gráfico de Não falta nada não são exatamente convencionais. Como foi o processo criativo a partir do texto da escritora e psicanalista Tatiana Filinto?
Recebi o texto da Tati como um presente, pois logo que comecei a ler vi algo na história que achei muito especial por tratar, no tema-chave, de um assunto muito vigente hoje, superimportante, o famoso “ Não Pode”. Este “Não” ou “ Nãos” funcionam mesmo como uma sombra que vai chegando, às vezes sem percebermos, e tomando o nosso cotidiano. No caso da criança, o problema é maior, pois acho que a curiosidade da criança é questão de sobrevivência mesmo, e o “Não” acaba atrapalhando muito isso.
Sobre as ilustrações, eu gosto muito de trabalhar temas contemporâneos e a Tati conseguiu tocar de forma muito leve e divertida no assunto. Foi muito fluido todo o processo. Outra coisa que somou é que eu moro e trabalho em São Paulo e sou pai; assim a questão é muito presente no meu dia a dia. As ilustrações foram saindo. Logo associei o trabalho ao tempo de hoje, cercado de condição, pressa e, pior, uma falsa sensação de controle, principalmente nas grandes cidades. Assim, vi um caminho em trabalhar uma mãe e seu filho seguindo a narrativa do livro junto com uma iconografia urbana, reforçando essas questões de condição humana, como na cidade. Pensei também que criar pequenas histórias paralelas acontecendo nas páginas, o que poderia ajudar a dar o clima de “tensão” nas situações que vão aparecendo entre a mãe e seu filhote… E por aí os desenhos foram. Gostei muito de trabalhar neste projeto.
Peirópolis – Quais seus artistas plásticos preferidos?
Sempre aparecem artistas(visuais ou não) que vão fazendo parte e somando na construção de pensamento e do próprio trabalho, alguns vão ficando em um lugar especial, poderia listar muitos, mas para não ficar muito extenso, só para citar alguns que gosto muito: Phillip Guston, William Kentridge, Francis Alÿs, Joseph Beuys, Mira Schendel, Volpi, Richard Serra, Shel Silverstein entre muitos outros.
Peirópolis – Qual é a relação entre você e seu filho quando o assunto é desenhar?
Eu sou pai de duas meninas, adoro vê-las desenhando e desenhar com elas. Eu saio ganhando, pois elas me lembram sempre que o desenho vai muito além do trabalho.
Peirópolis – Como é para você a relação texto/imagem, especialmente no livro infantojuvenil?
Penso que cada trabalho pede um caminho para que essa relação possa se construir. No livro infantojuvenil não é diferente; cada projeto tem uma problemática específica. Uma história quando é escrita já traz todo um repertório, uma carga de informação de quem a criou, do escritor. O mesmo se dá com o trabalho do ilustrador; é dessa soma que irá se construir essa relação. Eu realmente gosto muito de trabalhar isso e fazer parte desse processo.
Leia também aqui a entrevista com a escritora e psicanalista Tatiana Filinto.
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