Como tudo começou
"A minha relação com o mar começou desde cedo, ouvindo os relatos do meu pai sobre suas viagens no oceano. Ficava imaginando o cenário, a cor, o gosto da água, até que, aos 8 anos, estreei na navegação com minha família (as três irmãs, a mãe, Marina, e o pai, Amyr Klink) em uma expedição para a Antártica.
Fiquei maravilhada com as paisagens e com a chance de visitar locais onde nós, humanos, somos reféns do vento, do frio e dos icebergs que despontam no caminho. Retornei à terra firme sabendo que meu destino era o mar — e sozinha.
Queria ser a comandante. Aos 15 anos, pedi o barco dos meus pais emprestado e ouvi um sonoro não. Eles acreditavam que, para navegar sem ninguém ao lado, eu precisava ter meios materiais, físicos e emocionais.
E assim comecei a devorar livros, documentários e a estudar para minha jornada-solo. Quase uma década depois, estou no meio dela, contando os dias para cruzar o Atlântico na companhia de mim mesma."
Para acompanhar a família na primeira das três viagens à Antártica e justificar a ausência das meninas em um período letivo, a fotógrafa Marina Bandeira Klink propôs às filhas Tamara, Laura e Marininha, a escrita de um diário de viagem. Na volta, elas poderiam apresentar aos colegas tudo o que viveram e registraram. Ali nascia o livro Férias na Antártica, que já comemorou 10 anos de edição e se desdobrou em mais de 200 palestras das irmãs Klink em escolas, cativando muitos leitores, ano após ano. As irmãs cresceram e Tamara, a que mais aderiu à prática de escrever diários, desenvolvendo sua escrita e veia poética, também encontrou seu caminho como velejadora. Adulta, ela uniu as duas paixões: velejar e escrever, registrando suas experiências na vida e em viagens.