Rosa e miguilins são inspiração de "Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos" - Editora Peirópolis

Rosa e miguilins são inspiração de "Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos"

Guimarães Rosa e os “meninos quietos”

O encanto de Selma Maria pelos “meninos quietos” já havia gerado uma exposição de brinquedos do sertão que levou ao Sesc Pinheiros 50 mil pessoas durante dois meses do ano de 2006, e depois seguiu para outras unidades do Sesc do interior paulista e para outras cidades, entre elas Belo Horizonte.

Para montá-la, Selma trabalhou com Anne Vidal, arte-educadora e artista plástica como ela, e como ela também interessada em pesquisar a cultura da infância fora dos grandes centros urbanos. A parceria acontece novamente no livro Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos, ilustrado por Anne.

Os poemas de Selma Maria emergiram de sua vivência como pesquisadora e oficineira nas cidades de Cordisburgo, Morro da Garça e Três Marias. Nesse trabalho, Selma entra em contato com a comunidade de cada lugar e propõe uma troca de experiências e memórias relacionadas à infância e ao brincar. Depois, ela propõe oficinas de brinquedos baseados nos relatos colhidos. Todo esse trabalho foi inspirado em Guimarães Rosa e seus “meninos quietos”.

Se a exposição reunia brinquedos, o livro traz o resultado do contato de Selma Maria e Anne Vidal com o universo daqueles “brincares”. Assim, o leitor conhece –ou reconhece – o “brinquedo-livro”, o “brinquedo-terra”, o “brinquedo-bicho”, o “brinquedo-cor”, o “brinquedo-brinquedo” e o “brinquedo-pensamento”. Ao final, o leitor é presenteado com algumas imagens dos brinquedos registradas durante as oficinas ministradas por Selma. O resultado é um tecido de poemas e brinquedos em linguagem capaz de atingir pais e filhos.

Em seguida, estão disponíveis os textos de Manoel de Barros, poeta que Selma muito admira, sobre seus poemas, e de José Mindlin sobre a exposição “Meninos quietos” – que após ser montada no Sesc Pinheiros em 2006, e no Shopping BH (Belo Horizonte) em 2008, encontra-se em cartaz na cidade de Piracicaba, São Paulo.

Palavras de Manoel de Barros

Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos é a própria infância da palavra. Selma transforma as percepções primordiais das crianças em prodigiosos silêncios. As crianças quietas estão vivenciando o seu primeiro ver, o seu primeiro ouvir, o seu primeiro tocar. As crianças, nas letras da autora, voltam a viver os sons e a ver as primeiras coisas. As crianças quietas estão guardando os primeiros conhecimentos do mundo. Elas estão quietas porque experimentam os primeiros sons dos ventos. Eles estão aprendendo o mundo. Os meninos são quietos enquanto recebem as primazias do mundo. E Selma os entende e as transmite com a infância da palavra.

Manoel de Barros

Palavras de José Mindlin

Esta exposição é o resultado de uma pesquisa feita com muita sensibilidade e de grande interesse educacional. Selma procurou conhecer brinquedos de infância de uma personalidade famosa, no caso “Joãozito”, que não pôde identificar, mas que não é difícil imaginar quem seja. Vivendo numa pequena cidade do interior de Minas, a criança teve grande criatividade, conseguindo com elementos os mais simples construir brinquedos engenhosos que a pesquisa de Selma revela, tornando o tema muito atraente.

José Mindlin, sobre a exposição “Meninos quietos”, que inspirou o livro.

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