A Instrumentalina, de Lídia Jorge, embarca na Nuvem de Livros
É tanta coisa que pode ser dita sobre este livro e sua autora que fica até difícil escolher por onde começar. Será que não basta dizer apenas que se trata de um biscoito fino de Lídia Jorge, logo, imperdível? Sim, isso se perceberá de cara, ou seja, logo na epígrafe, que por si só se torna um convite irrecusável à leitura de A Instrumentalina: “Um conto breve faz um sonho longe”. Beleza, com certeza é o que você vai confirmar, página a página, rendendo-se cada vez mais aos encantos de uma narrativa feita de memórias, sonhos, reflexões, cuja trama envolve a delicada relação entre um tio e uma sobrinha, e tem por cenário um campo de margaridas. Ao fundo, uma bicicleta – a tal da instrumentalina – que, na sua dupla condição de agente transformador de costumes e símbolo de liberdade e prazer, dá pedal a muita imaginação.
A história se passa ao sul de Portugal na década de 1960, mas é rememorada muitos anos mais tarde, pela sua protagonista, à mesa de um bar à beira do Lago Ontário, em Toronto, no Canadá. E chega ao Brasil com um ótimo prefácio de Solange Cardoso, em edição da Peirópolis, que já a embarcou na Nuvem de Livros. Dito isso, falemos de Lídia Jorge, para o caso de alguém aqui não estar ligando o nome à escritora. Ela nasceu no Algarve em 1946, estreou na literatura em 1980 com um romance de grande sucesso (O dia dos prodígios), e de lá para cá construiu uma das obras mais originais, abrangentes e significativas do nosso tempo, hoje aclamada muito além das fronteiras de Portugal.
Antonio Torres, 08 de junho de 2016 (resenha publicada na Nuvem de Livros)
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