Entrevista com Magui: Ser antirracista não deve ser uma escolha - Editora Peirópolis

Entrevista com Magui: Ser antirracista não deve ser uma escolha

Ilustração de Angelo Abu para Luiz Gama, a saga de um libertador

  1. Como conhecer a biografia de Luiz Gama contribui para construir uma sociedade justa e democrática, livre de racismo?

R1 – A sociedade brasileira foi estruturada tendo o racismo como elemento fundador. Os mais de 300 anos de escravidão no Brasil ainda deixam marcas profundas em desigualdade e preconceito. Ser antirracista não deve ser uma escolha, deve ser um dever de todos aqueles que desejam uma sociedade mais justa. Luiz Gama é um exemplo, com sua vida e obra, de como podemos lutar contra o racismo.

  1. Por que escrever para as crianças sobre acontecimentos históricos traumáticos, como a diáspora e a escrivão negra, o Holocausto e a guerra?

R2 – Conhecer a história é fundamental para que as crianças possam refletir sobre como nossa sociedade foi se desenvolvendo e se posicionar com seu entendimento. No entanto, eventos traumáticos e violentos não estão restritos apenas à história. Como exemplo, os contos de fada são uma sucessão de tragédias e violência. Branca de Neve, por exemplo, começa com a encomenda da sua morte e de arrancar o seu coração.

  1. Suavizar ou omitir fatos históricos no jovem leitor pode comprometer seu olhar crítico para a realidade?

R3 – Pode. E é uma pena. Injusto, não verdadeiro, enganação sem sentido.

  1. Recentemente vivemos uma revisão dos arquivos da memória cultural e suas operações: monumentos, heróis em revisão. Você acredita nesta reconstrução?

R4 – Não se deve descartar o passado nem para ficar em paz com a sua consciência. É importante saber o que aconteceu, mesmo que seja julgado com as circunstâncias que vão atenuar culpas. As crianças têm direito à verdade!

  1. Qual foi a sua opção na hora de descrever a infância desse líder abolicionista e jornalista? Como foi o tratamento que deu ao texto, que preocupações a rodearam, que espírito a animou?

R5 – A autobiografia de Luiz Gama começa justamente com passagens sobre sua infância e traz um fato crucial que determina toda a sua vida. É tão marcante que serve como minha inspiração para escrever sobre esse período.

Luiz Gama combate todos os argumentos racistas; além disso, mostra a importância da leitura e escrita, que foi o ponto de partida da superação. Gosto disso! Tenho um conjunto de histórias pra combater o racismo e orgulhar crianças negras. Inclusive uma biografia do Jesse Owens que eu chamo de “Histórias quase verdadeiras”.

 

Luiz Gama, a saga de um libertador

Magui

Ilustrações de Angelo Abu

 

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