Prêmio FNLIJ 2016 vai para Alice Vieira
Alice Vieira é premiada no Brasil
O livro Meia hora para mudar a minha vida, da escritora portuguesa Alice Vieira, acaba de receber o Prêmio FNLIJ 2016 na categoria Literatura em Língua Portuguesa. A edição brasileira tem capa da ilustradora mineira Anna Cunha. A entrega dos prêmios aconteceu durante a abertura do 18.º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, no dia 08 de junho, às 17 horas no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro.
Com mais de 30 obras, várias delas premiadas pela FNLIJ na mesma categoria, o catálogo de literatura portuguesa da Peirópolis cresce a cada ano, com o acréscimo de autores e obras fundamentais na língua. Os últimos lançamentos dessa linha foram em maio de 2016: O pintor debaixo do lava-loiças, do artista multimeios Afonso Cruz, e A Instrumentalina, da consagrada autora portuguesa Lídia Jorge.
O pintor debaixo do lava-loiças (180 págs., 39 reais em papel, 23,40 em epub) mistura fatos reais com a mais pura fantasia do escritor e artista multimeios português Afonso Cruz. O protagonista deste relato permeado de metáforas foi inspirado na vida dos avós do autor que, sim, esconderam um pintor judeu eslovaco que fugia do nazismo, embaixo da pia de sua casa.
Ao acompanhar a trajetória de Jozef Sors, Afonso Cruz constrói habilmente um novo romance de formação, investindo com fé e sensibilidade no poder transformador da literatura e possibilitando outros olhares sobre as relações entre o coletivo e o individual em meio ao ambiente de conflito e perseguição que marcou o século XX, com suas duas guerras mundiais.
A Instrumentalina (48 págs., 39 reais em papel, 23,40 em epub, com ilustrações de Anna Cunha), da consagrada escritora portuguesa Lídia Jorge, trata da delicada relação entre um tio e sua sobrinha, a partir de um encontro, ocorrido muitos anos mais tarde, à beira do Lago Ontário, nos Estados Unidos.
A personalidade irreverente e rebelde do mais velho arrebata a atenção da criança observadora e carente de afeto que crescia na década de 60 ao sul de Portugal. As lembranças dos seus encontros num campo de margaridas, tendo por fundo uma bicicleta como único veículo de libertação, constituem a matéria-prima deste conto cujo título toma por nome a alcunha desprestigiante que haviam dado a esse “instrumento” – A Instrumentalina. O texto foi editado pela primeira vez pelas Publicações Dom Quixote, em 1992, e foi traduzido para vários idiomas.
A Peirópolis colaborou para a retomada da publicação de literatura portuguesa no mercado editorial brasileiro
Há alguns anos a Peirópolis (www.editorapeiropolis.com.br) vem desenvolvendo um catálogo de literatura portuguesa, com o valioso reconhecimento e apoio da Direcçcão geral do Livro e da Biblioteca (DGLB) do Ministério da Cultura de Portugal. Conheça clicando aqui: https://editorapeiropolis.com.br/wp-content/uploads/2012/03/catalogo_lit_port_Digital1.pdf
As publicações cobrem a cultura portuguesa desde o século XII até os dias atuais. Renomados autores estão ao lado de novos talentos que representam o melhor da literatura em Portugal. O catálogo busca contemplar, também, os ilustradores mais inovadores da atualidade e oferece sofisticação e apuro em projetos gráficos que resultam em títulos instigantes, de alta qualidade, visualmente atraentes, com ilustrações e trabalho gráfico primorosos. Conta com grandes escritores para jovens, como Alice Vieira, António Torrado e José Jorge Letria, e com arrojados artistas plásticos e multiartistas que se dedicam à ilustração e a projetos gráficos, como Bernardo Carvalho, Yara Kono e Afonso Cruz. Tem livros para crianças, jovens e professores.
Além do apoio da DGLB, a Peirópolis conta também com o reconhecimento da FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (www.fnlij.org.br) que, em 2006, criou o Prêmio Henriqueta Lisboa de Literatura em Língua Portuguesa especialmente para premiar a Antologia de poemas portugueses (2006), organizado pela poeta modernista Henriqueta Lisboa, e depois, sucessivamente, vários outros livros do catálogo da Peirópolis.
Para o Ano de Portugal no Brasil, em 2012, com o objetivo de fortalecer as pontes lusófonas e divulgar a cultura portuguesa no Brasil, a Peirópolis se alinhou com as comemorações oficiais de ambos os países formatando um projeto de formação dos professores das redes públicas para trabalhar o tema em sala de aula.
Assim, preparou, além do catálogo de Literatura Portuguesa (http://www.issuu.com/peiropolis), em que as obras dessa linha são apresentadas detalhadamente ao professor e mediador de leitura, o livro Convite à navegação, de autoria de Susana Ventura, a seguir comentado, em que o professor pode percorrer sem dificuldades a história da formação da língua portuguesa, desde as cantigas no galego-português até Gil Vicente, com pontes para os autores mais importantes da contemporaneidade. Ambos os materiais foram amplamente distribuídos por todo o Brasil e também a contatos ligados à lusofonia no exterior.
Como destacou Ana Lúcia Brandão, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC, a Editora Peirópolis teve a ousadia de trazer a literatura portuguesa de volta ao mercado brasileiro. “Tivemos o prazer de ver a redescoberta de uma literatura portuguesa infantil e juvenil repleta de textos e ilustrações que se coadunam com nossa infância e adolescência, e de extrema qualidade”.
Um pouco de história faz bem
Nos anos 80 ocorreu no Brasil uma ênfase na edição de literatura brasileira, o que sem dúvida é salutar. No entanto, a literatura portuguesa foi injustamente preterida. Com o escopo de reparar essa lacuna, a Peirópolis vem construindo esse catálogo com esmero, dedicação e entusiasmo há mais de uma década. A escolha dos títulos da coleção é pensada com o intuito de fortalecer os laços entre Brasil e Portugal, permitindo conhecer e reconhecer a cultura, a língua e a literatura.
Dos títulos já publicados, destacam-se Versos para os pais lerem aos filhos em noites de luar, Os animais fantásticos, ambos de José Jorge Letria e André Letria; Antologia de poemas para a juventude, de Florbela Espanca; Dentes de rato e Vento, areia e amoras bravas, de Agustina Bessa-Luís e Branca-flor e outros contos, de Ana de Castro Osório.
A literatura portuguesa está presente também na coleção Clássicos em QH: Os Lusíadas em quadrinhos de Camões, pelo cartunista Fido Nesti; Auto da barca do inferno de Gil Vicente, por Laudo Ferreira e Eu Fernando Pessoa em quadrinhos, por Susana Ventura e Guazzelli.
O livro Convite à navegação: uma conversa sobre literatura portuguesa de Susana Ventura, atual consultora da coleção, é uma obra de referência e foi eleita pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil 2013 como Altamente Recomendável. Nele a autora traça um panorama histórico da formação da língua portuguesa, constrói pontes com os autores mais importantes da literatura lusófona contemporânea e discorre sobre as diferentes variações passadas pelo idioma até chegar a sua forma atual.
O leitor é convidado a explorar esses mares fecundos, e agora, bem mapeados de literatura portuguesa, ou melhor, das literaturas de línguas portuguesas.
Próximos lançamentos de literatura portuguesa
Atirem-se ao ar! O que nunca ninguém contou de uma viagem histórica, António Torrado
Apetece-lhe Pessoa?, Fernando Pessoa, organizado por Susana Ventura
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