Pré-história também é cultura – Proposta pedagógica
Indicação Prioritária: Ensino Fundamental
Bons livros podem circular entre diferentes faixas etárias e acolher propostas variadas de mediação, aprofundamentos e desdobramentos, de acordo com os objetivos de aprendizagens para cada etapa da escolarização. Ninguém melhor do que o professor ou a professora que acompanha uma turma para definir o que ler e o que desenvolver a partir de uma leitura, considerando o percurso e as necessidades do grupo. Escolhemos desenvolver propostas mais voltadas ao ensino fundamental – anos finais, mas isso não significa que essas sugestões não possam sofrer ajustes, tanto em seu formato, como para o público a que se destina. Para começar uma pesquisa, é preciso saber de onde partimos. O que já sabemos sobre aquele tema? Deste modo, ao trazer o assunto para o grupo de estudantes – Pré-história também é cultura – o que sabemos sobre os dinossauros brasileiros, a primeira ação é levar esse questionamento: É importante anotar as respostas – elas refletem não só o que sabemos, mas também o que ainda desconhecemos e precisamos aprender! Em seguida, pode-se propor uma ampliação dos conhecimentos do grupo a partir de vídeos disponíveis nas redes: A ideia aqui não á apenas informar, mas instigar os estudantes a encontrar informações a partir dos vídeos. Uma das possibilidades é dividir a turma em subgrupos e distribuir questões para que possam pesquisar. Para conhecer alguns dinossauros brasileiros e outros tesouros de nossa pré-históriaPara tematizar a pré-história como elemento de nossa cultura e conhecer tesouros naturais dessa épocaPara conhecer um pouco sobre nosso território na época dos dinossauros e sobre a pesquisa atual – por que é tão difícil encontrar ossos de dinossauros por aqui? E por que é bem mais fácil achar dinossauro na Argentina?O que as galinhas têm a ver com os dinossauros?Descobrindo ossos, conhecendo dinossauros – como pedaços de ossos nos revelam um dinossauro inteiro?EF – anos iniciais: Como os dinossauros se extinguiram? Eles foram completamente extintos mesmo?EF anos finais: Como os dinossauros se extinguiram? Eles foram completamente extintos mesmo? Algumas competências específicas de ciências da natureza para o ensino fundamental podem ser contempladas nessa proposta: Além disso, algumas habilidades também poderão ser trabalhadas: 7º ano – Vida e Evolução (EF07CI08) Avaliar como os impactos provocados por catástrofes naturais ou mudanças nos componentes físicos, biológicos ou sociais de um ecossistema afetam suas populações, podendo ameaçar ou provocar a extinção de espécies, alteração de hábitos, migração etc. 9º ano – Vida e Evolução (EF09CI11) Discutir a evolução e a diversidade das espécies com base na atuação da seleção natural sobre as variantes de uma mesma espécie, resultantes de processo reprodutivo. Na área de Língua Portuguesa, no campo do estudo e pesquisa: 6º ao 9º ano (EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes diversas (impressas, digitais, orais etc.), avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com ajuda do professor, as informações necessárias (sem excedê-las) com ou sem apoio de ferramentas digitais, em quadros, tabelas ou gráficos. Gostaríamos de começar essa conversa com uma provocação: Iniciamos essa proposta trazendo alguns links com entrevistas e vídeos de Luiz Anelli comentando muitos aspectos sobre os dinossauros brasileiros. Fizemos uma curadoria a partir de muitos materiais que estão disponíveis nas redes. De fato, esse terreno virtual é fértil. Há uma infinidade de vídeos, artigos, entrevistas, podcasts sobre o tema. Contudo, nem sempre sabemos “separar o joio do trigo”: reconhecer a boa informação, aquela que é confiável é algo que deve ser ensinado e aprendido. Há também a separação de informações mais relevantes e menos importantes para cada pesquisa que desejamos realizar. Por conta desse terreno tão amplo em que se planta de tudo nas redes, é que os livros informativos se justificam, já que os bons livros são feitos por autores ou equipes de especialistas, conhecedores profundos do assunto, que selecionam e organizam o conhecimento de acordo com o que se espera que o público a que se destina, saiba ou conheça; que podem fazer novas perguntas, instigando a curiosidade do leitor. Além disso, há muitas aprendizagens envolvidas na leitura de um texto informativo. O leitor desse gênero aprende, por exemplo, que este é um tipo de livro que não precisamos ler do princípio ao fim. Podemos escolher o assunto que desejamos saber ou aprofundar nossos conhecimentos. Por isso mesmo, outra coisa que o leitor aprende é como usar o índice e outros componentes do gênero para poder procurar as informações precisas de que necessita, tais como subtítulos, imagens, gráficos, tabelas etc. Aprendem, portanto, a usar diferentes recursos na leitura, além de exercer o pensamento crítico, a comparar informações e a reconhecer o processo científico. Olha só quantos saberes diferentes envolvidos na leitura desse gênero! Para saber um pouco mais sobre os textos informativos, indicamos o trabalho e as reflexões da pesquisadora argentina Ana Garralón. Dica de leitura: Ler e Saber: os livros informativos para crianças, Ana Garralón, Editora Pulo do Gato. Agora que você conhece os livros de Luiz Anelli, que tal pensar em trilhas de leitura, considerando os desafios que cada título apresenta e um aprofundamento nas leituras? ABCDINOS Este abecedário poético, concebido por um paleontólogo entusiasmado, uma escritora estreante e uma ilustradora convicta, traz 26 poemas e uma pílula informativa sobre dinossauros que habitaram diversas partes do planeta. No final do livro há um mapa que indica os locais onde seus fósseis foram encontrados. Essa valiosa herança, deixada há milhões de anos, conta-nos hoje como eram os dinossauros, onde e como viviam, o que comiam e muito mais. DINOS DO BRASIL Quando pensamos em dinossauros, nossa imaginação voa longe, para um passado remoto, quando gigantes cheios de dentes com garras perigosas circulavam aos montes pela Terra. Sim, há mais de 200 milhões de anos eles viviam espalhados por todos os cantos do planeta, mas nem todos eram tão monstruosos quanto imaginamos. Assim como os répteis de hoje, eles podiam ser muito diferentes uns dos outros. Neste livro você vai saber como os paleontólogos descobriram as formas e os tamanhos dos 23 dinossauros brasileiros e conhecer as histórias que estão por trás dos seus nomes e fósseis. Agora, o mais intrigante de tudo é saber que eles ainda andam por aí. Dá pra acreditar? NOVOS DINOS DO BRASIL É fascinante imaginar um dinossauro que existiu há muitos e muitos milhares de anos sobre a Terra. E tudo começa com a descoberta de um fóssil, um vestígio dos incríveis animais que habitaram a pré-história brasileira. Já foram identificadas no mundo inteiro 1,3 mil espécies de dinossauros, 46 delas aqui no nosso país. O leitor conheceu 23 delas no livro Dinos do Brasil, de autoria do paleontólogo Luiz Eduardo Anelli, publicado em 2010 pela editora Peirópolis. Agora, são mais 24 dinos: gaúchos, paraibanos, cearenses, e assim por diante… Diversos como nós! Para as crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental, uma possível proposta poderia partir da leitura de ABCDinos, em que Anelli escreveu com a parceria de Celina Bodenmüller. A leitura de quadrinhas bastante divertidas e muito inteligentes, e de breves textos informativos, pode ser um bom começo para entrar no assunto. Neste livro, há dinossauros que viveram em muitos lugares diferentes. Depois de sua leitura, pode-se comentar que vão se fixar nos dinossauros brasileiros. A partir daí, serão apresentados os livros: Dinos do Brasil e Novos Dinos do Brasil – uma conversa importante poderá ser, logo de início, sobre a diferença de formato entre esses três livros e o primeiro lido, abordando as particularidades dos gêneros – características principais do texto e propósitos de leitura. A proposição da leitura dos três títulos visa uma ampliação e aprofundamento dos conhecimentos dos estudantes, tanto sobre dinossauros brasileiros, quanto sobre o mundo em que viviam, a pré-história brasileira. A ideia aqui também é promover um aprofundamento na pesquisa sobre os dinossauros brasileiros. E observar como cada livro organiza as informações, quais são os elementos gráficos de que lançam mão, características do texto, diferenças de abordagens etc. DINOSSAUROS E OUTROS MONSTROS Ao nos conduzir, como em uma máquina do tempo, pela admirável pré-história do Brasil, em tempos e regiões repletas de criaturas curiosas e extravagantes, o paleontólogo Luiz Eduardo Anelli nos proporciona a sensação de sobreviver a terríveis extinções em massa, cruzar rios e mares continentais, desertos e penínsulas vulcânicas, incríveis pantanais, e compreender definitivamente que estudar o passado nos permite entender o presente e imaginar o futuro. GUIA COMPLETO DOS DINOSSAUROS DO BRASIL São mais de vinte espécies estabelecidas a partir dos achados fósseis, desconhecidas da população leiga e até mesmo da comunidade científica, e apresentadas pelo autor de forma contextualizada: o livro traz comparações entre as descobertas no Brasil e na Argentina, país que já conta mais de cem “dinos”. Ao tratar os fósseis como “máquinas do tempo”, capazes de oferecer chaves de entendimento para as dinâmicas dos ciclos da vida e estabelecer a conexão entre os dinossauros e seus descendentes contemporâneos, as aves, o autor torna o tema instigante não só para os especialistas, mas também para o público em geral. Um livro que a Peirópolis – editora que, além de considerar a temática ambiental um de seus grandes valores, leva o nome de um dos sítios paleontológicos brasileiros, tem orgulho de publicar. Habilidades que podem ser desenvolvidas no Campo das Práticas de Estudo e Pesquisa/leitura – 6º ao 9º ano: (EF69LP30) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos, dados e informações de diferentes fontes, levando em conta seus contextos de produção e referências, identificando coincidências, complementaridades e contradições, de forma a poder identificar erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se criticamente sobre os conteúdos e informações em questão. (EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes diversas (impressas, digitais, orais etc.), avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com ajuda do professor, as informações necessárias (sem excedê-las) com ou sem apoio de ferramentas digitais, em quadros, tabelas ou gráficos. (EF69LP33) Articular o verbal com os esquemas, infográficos, imagens variadas etc. na (re)construção dos sentidos dos textos de divulgação científica e retextualizar do discursivo para o esquemático – infográfico, esquema, tabela, gráfico, ilustração etc. – e, ao contrário, transformar o conteúdo das tabelas, esquemas, infográficos, ilustrações etc. em texto discursivo, como forma de ampliar as possibilidades de compreensão desses textos e analisar as características das multissemioses e dos gêneros em questão. Nos livros informativos, a ilustração também nos ajuda a saber mais sobre o que estamos pesquisando. Aprender a ler imagens, construindo conhecimentos a partir das ilustrações, é também algo a ser aprendido na escola e faz parte das aprendizagens do leitor de livros informativos. Como o leitor articula texto e imagem? O que pode ser observado nas ilustrações desses livros informativos? Tamanho, textura, habitat etc. Além das ilustrações, há gráficos, tabelas, mapas, que podem compor a leitura do livro informativo. No caso dos dinossauros, há ilustradores que são especialistas em desenhar esses animais pré-históricos, são os paleoartistas. Você já tinha ouvido falar em paleoarte? De acordo com a revista Ciência Hoje: “A paleoarte é a reconstrução de um organismo extinto ou de um ecossistema antigo, obedecendo rigorosamente o conhecimento científico disponível na época da confecção do trabalho”. Portanto, a ciência é elemento crucial para o paleoartista. Ou seja, não se desenha o imaginado, o fantasiado, mas aquilo que sabemos por meio da ciência. Por isso, a paleoarte é, sim, fonte de informação. Ainda citando a matéria da Revista Ciência Hoje, “um esqueleto simples, portanto, não é uma peça de paleoarte, pois retrata o material fóssil em si, incluindo as partes que não são conhecidas. Uma reconstituição que inclua a cor e a pele já configura uma peça desse gênero, desde que sejam respeitadas as limitações impostas pelo conhecimento científico”. Julio Lacerda Cavalcante, designer gráfico e ilustrador, ingressou na paleoarte ainda jovem, aos 17 anos. Almejando aliar a liberdade da reconstrução de animais extintos com a essência do naturalismo presente em documentários sobre a vida selvagem, busca representar dinossauros como seres vivos complexos e realistas em aparência e comportamentos, protagonizando cenas corriqueiras. Suas ilustrações já foram publicadas e expostas em diversos países, como Japão (exposição Pterossauros, no Museu dos Dinossauros da Província de Fukui), Reino Unido (livro All your yesterdays, da editora Irregular Books) e Estados Unidos (publicação sobre o dinossauro Siats meekerorum, no Museu de Ciências Naturais, da Carolina do Norte). Amante da natureza e assíduo viajante, Julio procura ao ar livre a inspiração para suas obras. Ele ilustrou a obra Dinossauros e outros montros. Conheça mais o trabalho do artista: InstagramBehanceEntrevista para o blog Art The ScienceEntrevista para o blog Dinosauria Felipe Alves Elias nasceu em 1980, em São Paulo (SP), e vive em Santos, litoral do Estado. Biólogo e mestre em Geologia Regional (ênfase em Paleontologia), é professor do programa de Ensino à Distância da Universidade Metropolitana de Santos. Atua também como paleoartista, recriando a aparência de espécies fósseis desde 2004. Colaborou com a exposição “Dinos na Oca” (2006), desenvolveu projetos de divulgação científica junto a diversas editoras (Globo, Oficina de Textos, Ática e Alto Astral) e seus trabalhos foram premiados em concursos internacionais de paleoarte. Ele ilustrou as obras Dinos do Brasil e Dinossauros do Brasil. Conheça mais o trabalho do artista: PortfolioEntrevista para o blog IkessauroEntrevista para o blog Planeta AntigoEntrevista para GZH A paleoarte, como o nome diz, é uma junção de ciência e arte e traz um pouco de cada área. Do lado da ciência, é importante estar sempre atualizado com relação às descobertas mais recentes, novos estudos, especulações e ideias. É preciso não só ter conhecimento dentro da paleontologia como também de outras disciplinas como biologia, anatomia animal, taxonomia, botânica etc. para que se produza ilustrações informativas e interessantes. Do lado da arte, cada indivíduo desenvolve um estilo próprio e existe um grande espaço para criatividade com relação a cores, formas, composições, perspectivas e ferramentas de trabalho! Assim como em qualquer outra categoria de arte, a prática e a experimentação contribuem para a criação de obras que prendam a atenção dos observadores. Todo paleoartista é um pouco artista e um pouco cientista, por isso talvez não existam tantos de nós! Hoje em dia, a maior fonte de conhecimento e referências para um paleoartista é a Internet. É mais fácil que nunca ter acesso a imagens de fósseis, reconstituições, estudos e discussões, e até mesmo ter contato direto com pesquisadores e paleontólogos de todo o mundo que podem oferecer informações detalhadas sobre diversos assuntos em primeira mão. Através da Internet também é possível estudar os diversos aspectos de animais atuais, que servem como modelos para retratar animais extintos. Mas também é sempre bom visitar museus, bibliotecas e até mesmo zoológicos parar acessar diretamente essas referências. A paleoarte é uma ponte que conecta os bastidores da paleontologia e o público de maneira geral. Muitas vezes, os estudos e pesquisas realizados pelos cientistas são difíceis de interpretar e compreender para os leigos, já que envolvem muitos termos técnicos e detalhes que podem não ser tão evidentes. Através da arte, essas informações são traduzidas de texto e números para imagens que podem ser não só informativas, mas também agradáveis. E ao capturar a atenção das pessoas dessa maneira visual e facilmente compreendida, a paleoarte incentiva a criatividade, a curiosidade e o interesse pela pesquisa; estimula novas gerações de cientistas e artistas, e contribui com a credibilidade das ciências em geral. No Campos das Artes Visuais – contextos e práticas, podem ser trabalhadas as seguintes habilidades do 6º ao 9º ano: (EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético. Clique para ver mais conteúdos na gaveta digital “Pré-história também é cultura” É possível acessar as obras da Peirópolis na íntegra gratuitamente no formato digital. Cadastre-se e leia mais de 200 obras: https://digital.editorapeiropolis.com.br/Propondo uma primeira aproximação do grupo com os dinossauros brasileiros
Para saber mais sobre o assunto
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Livros informativos: o que eles ensinam aos estudantes sobre leitura?
Se há tanto conteúdo nas redes, precisamos mesmo de livros informativos? Trilhas de leitura
Trilha 1 – Ensino Fundamental – Anos iniciais
Trilha 2 – Ensino Fundamental – Anos finais
A obra traz histórias verdadeiras que nos ajudam a entender a força da Terra, o entusiasmo da vida, e como chegamos aqui, com incríveis cenários retratados pelo paleoartista Julio Lacerda, além de um monstruário, com informações detalhadas sobre 39 espécies de dinossauros e outros monstros pré-históricos. Para leitores leigos e também os estudiosos, tem inestimável valor na construção da identidade nacional.Paralelo com a BNCC
Paleoartistas: a ilustração também é fonte de informação
Vamos conhecer alguns paleoartistas?
Conversa com um paleoartista – Mini entrevista com Julio Lacerda
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