Rimas de lá e de cá – Impressões de leitura
A poesia!…
Ah!, a poesia…
Todos temos introjetados o nosso quinhão de poesia, as nossas rimas voluntárias ou involuntárias, o prazer de viajar na sonoridade das palavras… Somos movidos por ritmos… Ritmos que representam a vida… Tudo é uma questão de ritmo… Quando qualquer dos nossos ritmos biológicos deixam de funcionar a contento, estamos mal… A nossa pressão arterial tem que estar em dia… O coração bate em determinado ritmo… A respiração tem o seu compasso pré-determinado… E assim, tudo em nós obedece, para o bom funcionamento, o seu ritmo desejável, o seu compasso ideal… Com as palavras não é diferente: ela, quer nas situações formais, quer nas informais, se exterioriza em cadências, sonoridades, musicalidades… As criaturas mais simples têm seus dizeres, formalizando -os, preferencialmente, cadenciados, musicados… Os saberes populares, ao se tornarem discursos, muitas vezes, se estruturam musicalmente… (“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”; “Casamento e mortalha, no cé se talha(m)”; “Galo onde canta, aí janta”; “quem canta, seus males espanta”; “ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão”)… Portanto, esse “Rimas de lá e de cá”, colocando lado a lado Brasil e Portugal, é uma rica oportunidade para abordagens docentes na apresentação do universo da poesia, na iniciação da palavra ritmada, na descoberta da musicalidade dos discursos poéticos… Os ritmos populares estão presentes na Academia, mas, também, presentes no cantador anônimo das feiras, no menino que se descobre apaixonado, na vontade de causar impressão ante a descoberta do primeiro, do segundo ou do centésimo amor…
Música e poesia… ritmo e discurso… poema e poesia… real e imaginário… palavra e imagem… que belas parcerias podemos empreender nesses múltiplos contextos…
Lindo, lindo, lindo.
Joel Cardoso – professor de História da Arte, do Cinema e do Audiovisual na Universidade Federal do Pará
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