Henriqueta Lisboa: correspondência
Henriqueta Lisboa manteve rica e farta correspondência com escritores de sua época, como Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Gabriela Mistral, Alfonsina Storni, entre outros. Como diz Constância Lima Duarte, são cartas que “respiram vida literária e apontam para o relacionamento cordial que se criou entre eles. […] são verdadeiros pequenos ensaios sobre a literatura e poesia”.
Embora não tenham sido incluídas em Henriqueta Lisboa – Obra completa, as 37 cartas trocadas durante seis anos entre Henriqueta e Mário de Andrade constituíram um dos volumes da coleção “Correspondência de Mário de Andrade”, coeditado pelas editoras Peirópolis e Edusp e organizado por Eneida Maria de Souza, agraciado com o prêmio Jabuti na categoria Biografia.
“Com a abertura da correspondência pertencente ao espólio de Mário de Andrade – cinquenta anos após a sua morte, ocorrida em 1945 – uma destinatária se destaca entre a enorme quantidade de cartas enviadas para a rua Lopes Chaves: Henriqueta Lisboa.
O ofício obsessivo de escrever cartas tornava público o dever do intelectual de não só cultivar amizades que ia fazendo ao longo da vida, como de orientar literariamente o trabalho dos jovens escritores que pretendiam seguir carreira. A poetisa mineira, com o primeiro livro de poemas publicado em 1925 (Fogo-fátuo), ao conhecer pessoalmente Mário de Andrade em 1939, já se notabilizava como escritora e se posicionava esteticamente a favor de uma poesia universalizante e ‘pura’.”
(Eneida Maria de Souza. A dona ausente – Ensaio publicado como A pedra mágica do discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. Posteriormente incluído em SOUZA, Eneida Maria de (org.). Correspondência Mário de Andrade & Henriqueta Lisboa. São Paulo: Edusp e Peirópolis, 2010.)
As cartas escritas por Mário de Andrade a Henriqueta compuseram também um outro volume, este publicado pela editora José Olympio, em 1990: Querida Henriqueta: cartas de Mário de Andrade a Henriqueta Lisboa.
A correspondência entre Henriqueta Lisboa e Carlos Drummond de Andrade foi publicada em 2003 em Remate de Males – Revista do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, Campinas, n. 23, organizada por Constância Lima Duarte.
Vários artigos acadêmicos revelam as relações que Henriqueta cultivava com as poetas latino-americanas de sua época, sendo considerada como uma mediadora cultural do período. Foi ela, por exemplo, quem recebeu no Brasil, em Belo Horizonte, a ganhadora do prêmio Nobel de literatura de 1945 e fez a seleção e tradução dos 66 poemas publicados no volume 2 de Henriqueta Lisboa – Obra completa: poesia traduzida, e na edição bilíngue editada em 2021 pela Peirópolis: Poesias escolhidas de Gabriela Mistral.
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