Entrevista com Fido Nesti
1. Esta adaptação de Os Lusíadas tem objetivo didático? Se não, o que o levou a fazer esta adaptação?
Sim e não. Eu acredito que esta adaptação possa ser lida tanto por alunos que estejam estudando a obra de Camões como por qualquer outro leitor que goste de uma boa estória ou que seja fã de quadrinhos. Muitos deixam de ler Os Lusíadas inibidos pelo formato e tamanho do livro tradicional. Com os quadrinhos eu espero que muitos novos leitores descubram este texto.
2. Ao passar para quadrinhos, o que a obra ganha e o que ela perde?
No meu ver ela ganha ao receber uma nova roupagem. Não que esta tenha sido a primeira adaptação para os quadrinhos, mas acho que consegui dar uma cara bem mais contemporânea, graficamente falando, do que aquilo que já vi publicado anteriormente.
Ela só perde – por pura falta de espaço – ao deixar de cobrir mais capítulos da epopéia. Escolhi contar as estórias de Inês de Castro, do Velho do Restelo, do Gigante Adamastor, da Ilha dos Amores e de quebra uma biografia da própria vida de Camões.
3. Como você fez para combinar essa linguagem rebuscada de Os Lusíadas, que usa muito a ordem indireta, com o despojamento da linguagem dos quadrinhos?
Em muitos trechos inventei situações para deixar a narrativa visual mais dinâmica, sem mexer uma vírgula do texto original. Um exemplo: durante o discurso do Gigante Adamastor fiz com que a caravela do Vasco da Gama fosse engolida pelo próprio (algo entre Moby Dick e Pinóquio), transformando um monólogo numa seqüência cheia de ação. Um “rococó rocknroll”.
4. Não tive acesso à obra, ainda. Gostaria de saber se você buscou o humor ou se optou por uma obra mais séria. Por quê?
Existem momentos cômicos e outros mais soturnos. Depende do que o texto pede.
Não tive a preocupação em seguir uma linha mais ou menos séria. Acho que isso vem do meu trabalho, o meu traço não é aquela coisa escancaradamente engraçada. É algo mais sutil.
5. Você tem outras publicações nesta área de quadrinhos/literatura? Caso tenha, gostaria de citá-las na matéria.
Este é o primeiro livro que assino. Já ilustrei muitos livros de outros autores. E publiquei também quadrinhos na extinta Cybercomix, nas edições Minitonto e Heroína.
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