Catullo da Paixão Cearense
O poeta, músico e compositor Catullo da Paixão Cearense nasceu no dia 8 de outubro de 1863, em São Luís do Maranhão. Filho de Maria Celestina Braga da Paixão e Amâncio José da Paixão Cearense, foi aos dez anos para os sertões do Ceará, onde ficou até os 17, quando tomou o rumo do Rio de Janeiro com a família. Seguiu para a Cidade Maravilhosa com uma bagagem sertaneja que o acompanharia por toda a vida.
O pai de Catullo era comerciante. Ele estabeleceu-se em Botafogo com uma relojoaria, o que possibilitou ao seu filho uma vida tranquila de trabalhos com o pai, enquanto prosseguia com seus estudos autodidatas. Quando o pai morreu, em 1885, Catullo abraçou a poesia e a música como sua produção, sua profissão. Da flauta ele passou ao violão, que o acompanharia por toda a vida. Houve um momento em que Catullo se dedicou ao ensino, criando uma escola para crianças. Esse fato está relatado no livro pelo organizador, o poeta e arte-educador Francisco Marques.
Em 1908, quando o violão ainda era considerado um "instrumento de desclassificados", Catullo apresentou-se em público pela primeira vez, numa festa beneficente do antigo Instituto de Música. Foi a inauguração da modinha nacional, como relata no mesmo texto Francisco Marques. A partir daí, ele se tornou famoso pelo que hoje se chama "presença de palco". Mais tarde, tornou-se conhecido como o mestre da cantoria de viola e da poesia recitada. Um de seus grandes parceiros foi João Pernambucano, grande amigo de Catullo, com quem divide a autoria de "Luar do sertão" (poema de Catullo e melodia de João).
Cedo Catullo integrou-se no mundo da música e da boemia carioca. Foi parceiro de Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Francisco Braga. Até mesmo o tenor Vicente Celestino foi intérprete de suas canções. Associou-se ao livreiro Pedro da Silva Quaresma, proprietário da Livraria do Povo, que passou a editar em folhetos de cordel o repertório de modinhas da época. Catulo da Paixão Cearense passou a organizar coletâneas, entre elas O cantor fluminense e O cancioneiro popular, além de obras próprias. Vivia despreocupado, pois era boêmio, e morreu na pobreza em maio de 1946.
Suas mais famosas composições são Luar do Sertão (em parceria com João Pernambuco), de 1908, que na opinião de Pedro Lessa é o hino nacional do sertanejo brasileiro, e Flor amorosa, composta juntamente com Joaquim Calado em 1867.