"Barangandão Arco-Íris", de Adelsin: um livro-brinquedo para pais e filhos
Nele, o autor apresenta o registro de 10 anos de viagens pelo interior de Minas Gerais e Bahia, quando observou, experimentou, aprendeu e ensinou a construir brinquedos artesanais, alguns nascidos em suas oficinas, outros de antigas tradições populares.
Formado em Artes Plásticas pela UFMG e ex-professor do Ensino Fundamental, Adelsin atua, há mais de 20 anos, como arte-educador, realizando pesquisas e oficinas que buscam valorizar a cultura da infância em sua essência, entendida a partir das próprias crianças, suas brincadeiras e sua forma de relacionar.
Como relata em texto publicado na contracapa do livro, seu trabalho tem raízes profundas em sua própria infância ? quando, angustiado após a mudança, com a família, de uma casa na periferia para um apartamento no centro de Belo Horizonte, decide que sua vida seria, “enquanto vivo fosse, pelos meninos e pelos quintais.”
Durante o período em que atuou no Ensino Fundamental, encontrou a professora Lydia Hortélio, com quem muito aprendeu em relação à cultura da infância. Formada em Música e Etnomusicologia, com estudos no Brasil, Alemanha, Portugal e Suíça, Lydia Hortélio também traz dentro de si a menina que um dia foi, no interior do sertão baiano. Em sua saudação ao Barangandão Arco-Iris, ela escreve: “Não podemos perder as crianças de vista. Elas têm a alma à frente e a disposição incondicional para a vida.”
Adelsin no contexto da Peirópolis
Adelsin e seu Barangandão Arco-Iris, publicado anos atrás pela Editora Causa Sonora, chegaram à Peirópolis pelas mãos de Chico dos Bonecos, fortalecendo o catálogo infantil com uma produção altamente sintonizada com a missão da editora. Além de artistas e brincantes, Adelsin e Chico dos Bonecos têm também o dom da escrita, e na Editora Peirópolis encontram uma parceira para contribuir com a multiplicação de suas propostas de arte-educação junto às crianças brasileiras.
Barangandão Arco-Iris divide-se em nove partes, cada uma reunindo tipos diferentes de brinquedos e introduzida por um texto de Adelsin. Esses textos são “diários de bordo” registrados no calor da hora, quando estava em Salvador dando oficinas, ou em Milho Verde, no interior de Minas, pesquisando e aprendendo com as crianças de lá, e em outras cidadezinhas do interior baiano e mineiro. São textos curtos e poéticos, alguns trazendo poemas do autor e trechos de Guimarães Rosa e Mário Quintana.
Confira aqui o texto de apresentação de Adelsin:
Brinquedos
Um dia, passado o susto de estar adulto, a gente descobre, outra vez, a maravilha de brincar. Comigo foi acontecendo devagarinho, com os meninos da minha rua, no recreio da escola onde trabalhava, e teve confirmação numa oficina de brinquedos para gente grande no ano de 1986. Lá, a professora Lydia Hortélio me chamou a atenção para a cultura da criança, seus segredos e encantos. Desde então, minha vida é correr atrás de meninos e meninas para aprender brinquedos. Nesses dez anos viajei por muitas cidades do interior de Minas e por algumas da Bahia, observando, experimentando, brincando e aprendendo segredos, cantigas de roda, histórias, e aprendendo a construir brinquedos encantados com quase nada. Para que as descobertas não se perdessem, gravei, fotografei e principalmente registrei num ?Diário de bordo? o momento precioso em que aprendi cada brinquedo. Neste livrinho estão 36 deles, ilustrados passo a passo e acompanhados de pequenos textos que contam a história de quando, onde e com que menino aprendi. Os brinquedos estão divididos em blocos de quatro, por características comuns, e não por ordem de dificuldade. Antes de cada bloco há uma página do ?Diário de bordo?. No final do livrinho há um mapa que mostra as cidades de onde vieram os brinquedos.
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