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Antigamente era assim: alguém parava para contar, outros paravam para ouvir
E não é que nem tão antigamente assim um grupo se uniu para escutar e compartilhar histórias? Não apenas as histórias preferidas de cada narrador. Também tinha isso, claro, afinal eram narradores que se encontravam para trocar histórias. Mas o grupo também aconteceu para compartilhar as histórias dos narradores de histórias. Quem são aqueles que contam? Como chegaram a ser contadores? Como registro das histórias desse grupo, este livro se propõe a contar sobre quem conta e nos dá a conhecer quem são esses que param para contar (e que contando, sempre param para ouvir), quais caminhos percorreram, como foram fazendo as suas escolhas: os enredos, os jeitos de narrar, como foram tocados pela arte da palavra e como fazem para tocar aqueles que ouvem suas histórias?
Não é livro para ensinar como se faz. “Ninguém ensina ninguém a contar histórias”, escreve Regina Machado, organizadora do livro. Mas certamente pode ser bastante inspirador conhecer como cada narrador encontrou seu caminho. Não há uma receita pronta, uma fórmula mágica, itens a serem “ticados” em lição instantânea. Nada disso. Contar histórias envolve um profundo processo de encontro consigo mesmo, com as raízes, os porquês, as vontades, as possibilidades de cada um. É caminho e, sendo assim, cada qual trilha o seu. Mas conhecer o andar do outro pode nos ajudar a encontrar o nosso passo. Este livro é sobre isso: mostrando caminhos, nos ajuda a pensar sobre o que é necessário para se contar histórias.
Por alguns anos, Regina Machado acompanhou sete narradores de histórias em seu Paço do Baobá. Não era curso, nem aula, eram apenas pessoas que chegaram “atraídas por não sei que vento da alma” e formaram o grupo que ganhou o nome de Antigamente era assim, numa referência ao final de uma história indígena. Pessoas que queriam investigar juntas a arte de narrar, o processo que faz cada um virar contador de histórias, os encontros, os equívocos e os achados. Cada relato abre para o leitor uma possibilidade de olhar para a narração de histórias de um jeito diferente e convida a refletir: que jeito será o meu? O que faz mais sentido para mim?
Depois dos relatos, há sempre o encontro com a história narrada por aquele que acabou de falar de si, como que iluminando tudo aquilo que foi dito, combinando o percurso pessoal com a forma de contar. Tudo está no livro, fixado pela palavra. Mas terminamos a leitura com uma certeza: tudo pode mudar, tudo é movimento. Contar pode ser sempre de outro jeito. O caminho não termina, e cada narrador será sempre transformado pela palavra, pela história, pelo momento e pela escuta.
“A colheita é comum, mas o capinar é sozinho…”, diz Riobaldo lá no Grande sertão: veredas do Guimarães Rosa. Cada pessoa é quem sabe da natureza do seu capinar, o quanto é capaz de dosar o que é penoso, enfrentar o que é laborioso, perceber o que é ardiloso, desfrutar justamente do compartilhar da colheita. Não sei como se deu a mágica. Só sei que a partir de diferentes tipos de investigações, pessoais e entretecidas, vi surgirem novas habitações de terrenos desde sempre férteis, mas antes pouco explorados pela maioria das pessoas do grupo. Acabamos contando nestas páginas não apenas as histórias das histórias de cada pessoa do grupo Antigamente Era Assim, mas também contos de tradição oral que estudamos e nos inspiraram, relatados na escrita e na voz com que lhes demos vida.”
– Regina Machado
Regina Machado – O sapateiro que se tornou astrólogo
Baseado na versão de Idries Shah em World tales (1979).
Sandra Carezzato – Igaranhã, a canoa encantada
Baseada na versão do livro Poranduba – Roda de histórias indígenas, de Rute Casoy (2009).
Renata Truffa Tarabay – O nome
Henri Gougaud, L’arbre aux trésors (Éditions du Seuil, 1987, p. 45). Tradução de Regina Machado e Josias Padilha
Inês Breccio – O pano bordado
Reescrita baseada na versão de Jette Bonaventure em O que conta o conto? (1992).
Regina Alfaia – Como surgiu a noite
Reescrita baseada na versão de Couto de Magalhães (1837-1898) em O selvagem (1975).
Kika Antunes – Os velhos
Versão baseada em “O sétimo dono da casa”, conto popular da Noruega.
Maria Marta Faria – O sonho de Ismar
Reescrita baseada na versão de Rosane Pamplona em Novas histórias antigas: contos (2006).
Josias Padilha – João e o pé de feijão
Reescrita com base na versão de Joseph Jacobs em English fairy tales (1890).
Estas histórias foram preparadas em encontros ocorridos entre 2014 e 2019 no Paço do Baobá, em São Paulo.
Galeria de fotos
Biscoito da sorte feito pela própria Inês, cada participante do grupo recebeu um
biscoito que continha uma parte da história. Dia de estudo com tutoria de Inês Breccio. Tema: Conto Chinês e suas partes. Junho de 2016.
Carta-pergunta provocadora. Dia de estudo com tutoria de Sandra Carezatto. Tema: Oráculo de palavras. Agosto de 2016.
A sobremesa do dia feita por Josias: mousse de maracujá. Dia de estudo com tutoria de Josias Padilha. Tema: A Confraria do feijão. Setembro de 2016.
Exercício em grupo: catar/separar feijões. Dia de estudo com tutoria de Josias Padilha. Tema: A Confraria do feijão.
Setembro de 2016.
Parte do cenário composto por caminhos de mesa. Noite de apresentação: Pra que o mundo não acabe! Contos de Pedro Malazarte. Dezembro de 2016.
Parte do cenário composto por santo e vela. Noite de apresentação: Pra que o mundo não acabe! Contos de Pedro Malazarte. Dezembro de 2016.
Café com afeto para o público. Noite de apresentação: Pra que o mundo não acabe! Contos de Pedro Malazarte. Dezembro de 2016.
Casal Preta Véia e Preto Véio com vela e flores recebendo o público. Noite de apresentação: Pra que o mundo não acabe! Contos de Pedro Malazarte. Dezembro de 2016.
Cantoria ao final da apresentação. Participação especial do músico Guilherme
Maximiano. Noite de apresentação: Pra que o mundo não acabe! Contos de Pedro Malazarte. Dezembro de 2016.
Cenário. Noite de apresentação. Contos da lebre de março. Março de 2017.
Abertura com participação especial do rabequeiro Fernando Correâ. Noite de apresentação. Contos da lebre de março. Março de 2017.
Sandra Carezzato contando história. Noite de apresentação. Contos da lebre de março. Março de 2017.
Parte do público, juntamente com crianças da escola Stance Dual School que também
contaram histórias. Noite de apresentação. Contos da lebre de março. Março de 2017.
Kika Antunes contando histórias. Noite de apresentação. Contos da lebre de março. Março de 2017.
Cadeiras em roda à espera dos contadores e das histórias. Dia de estudo. Agosto de 2017.
Flores compondo o cenário. Noite de ensaio aberto. Falta muito? Contos a caminho. Exposição do processo de estudo
das histórias. Setembro de 2017.
Exposição do processo de estudo das histórias. Noite de ensaio aberto. Falta muito? Contos a caminho. Exposição do processo de estudo
das histórias. Setembro de 2017.
Exposição do processo de estudo das histórias. Noite de ensaio aberto. Falta muito? Contos a caminho. Exposição do processo de estudo
das histórias. Setembro de 2017.
Flores e velas compondo o cenário. Noite de ensaio aberto. Falta muito? Contos a caminho. Exposição do processo de estudo
das histórias. Setembro de 2017.
Josias Padilha contando história. Noite de ensaio aberto. Falta muito? Contos a caminho. Exposição do processo de estudo
das histórias. Setembro de 2017.
Kika Antunes contando história. Noite de ensaio aberto. Falta muito? Contos a caminho. Exposição do processo de estudo
das histórias. Setembro de 2017.
Parte do público. A penumbra como parte da composição do cenário. Noite de ensaio aberto. Falta muito? Contos a caminho. Exposição do processo de estudo
das histórias. Setembro de 2017.
Exposição de parte dos livros estudados. Noite de ensaio aberto. Falta muito? Contos a caminho. Exposição do processo de estudo
das histórias. Setembro de 2017.
Grupo após almoço e troca de presentes. Dia de estudo e confraternização de final de ano. Dezembro de 2017.
Estudo com café. Dia de estudo. Fevereiro de 2018.
Registros. Dia de estudo. Fevereiro de 2018.
Livros de pesquisa. Dia de estudo. Fevereiro de 2018.
Registros. Dia de estudo. Fevereiro de 2018.
Composição do centro da roda de histórias. Dia de estudo e comemoração surpresa do aniversário de Regina Machado. Abril de 2018.
Regina, a pedido do grupo, aguardando para receber os presentes. Dia de estudo e comemoração surpresa do aniversário de Regina Machado. Abril de 2018.
Hora dos parabéns. Dia de estudo e comemoração surpresa do aniversário de Regina Machado. Abril de 2018.
Bolo do aniversário. Dia de estudo e comemoração surpresa do aniversário de Regina Machado. Abril de 2018.
Regina presenteia o grupo com uma história. Dia de estudo e comemoração surpresa do aniversário de Regina Machado. Abril de 2018.
Regina recebendo de cada participante do grupo abraços e flores, que juntas formaram
um grande buquê. Dia de estudo e comemoração surpresa do aniversário de Regina Machado. Abril de 2018.
Vaso de flores para compor a mesa. Dia de estudo e comemoração surpresa do aniversário de Regina Machado. Abril de 2018.
Cadeiras em roda à espera dos contadores e das histórias-presentes que seriam
oferecidas para a aniversariante. Dia de estudo e comemoração surpresa do aniversário de Regina Machado. Abril de 2018.
Capelinha de melão de São João, de cravo, de rosa e de manjericão para compor a
decoração da festa. Dia de estudo e festa julina do grupo. Julho de 2018.
Estudando e produzindo correio elegante para a festa. Dia de estudo e festa julina do grupo. Julho de 2018.
Comida típica. Dia de estudo e festa julina do grupo. Julho de 2018.
Cenário. Dia de estudo e festa julina do grupo. Julho de 2018.
Estudando e produzindo buquê de flores de crepom para decorar a festa. Dia de estudo e festa julina do grupo. Julho de 2018.
Livros para pesquisa. Dia de estudo. Agosto de 2018.
Fotos de presente. Dia de estudo. Agosto de 2018.
Abertura do dia com exercícios através do som dos apitos. Dia de estudo. Agosto de 2018.
Risoto para comer junto e celebrar o encontro. Dia de estudo. Agosto de 2018.
Roda de histórias. Dia de estudo. Agosto de 2018.
Livros e imagens para pesquisa. Dia de estudo. Agosto de 2018.
Você conhece?
O Paço do Baobá é um centro de pesquisa de Arte Narrativa, onde ocorrem ações ligadas às tradições orais do Brasil e do Mundo: cursos, palestras, encontros, apresentações artísticas de narração de contos, música, dança performance e atividades de arte para crianças.
O Encontro Internacional “Boca do Céu” de Contadores de Histórias é um evento bienal que promove um espaço de reflexão, criação e ação cultural, focalizando a arte da palavra, que se move continuamente através da História e das diversas culturas humanas na forma de narrativas orais. A função principal desse Encontro é propiciar diferentes situações de contato com a arte da narração que possam inspirar ações educativas, culturais, sociais e estéticas ressaltando a importância das narrativas no mundo de hoje.
O Encontro é estruturado a partir da Abordagem Triangular para o Ensino e Aprendizagem da Arte, elaborado por Ana Mae Barbosa. Isso significa, antes de mais nada, que a Arte Narrativa é considerada como fenômeno das culturas humanas que ocupa um lugar ao lado das Artes Visuais, Teatro, Música, Dança e artes midiáticas e multilinguísticas contemporâneas. Por isso possibilita formação artística e estética, de modo equivalente às outras artes.
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