A paz exige novos conceitos
Enquanto continuarmos a perceber a paz como oposição à guerra, não vamos conseguir reunir condições de compreender e tomar atitudes mais efetivas em relação ao fim de todas as situações instáveis, deploráveis, miseráveis, que se apresentam no mundo, na sociedade, nas famílias e no indivíduo.
Enquanto continuarmos a imaginar a paz como uma atitude passiva, não vamos sair do romantismo, do idealismo e do distanciamento que tal imagem suscita, pois tal impressão dá a falsa idéia da impossibilidade da paz.
Enquanto entendermos tolerância como represamento da raiva, do ódio, de distorções, continuaremos a causar injustiças sociais, pessoais e ecológicas.
Enquanto continuarmos a entender direitos humanos sem compromisso ético, aperfeiçoamento pessoal e responsabilidade cidadã, continuaremos a promover falsas justiças.
É necessária uma educação para a paz. Para compreender a dinâmica dos seus sentidos e das suas possibilidades. Para entender que seus alicerces são valores que não têm preço.
É necessária uma educação para a compreensão da tolerância como a capacidade de exercer níveis profundos de humildade e respeito mútuo.
É necessária uma educação para os deveres humanos que os direitos humanos implicam.
Paz, tolerância e direitos humanos são temas que deveriam (e devem) estar presentes nas escolas e no foco de ação de todo educador e cidadão nestes tempos tão conturbados e perigosos, nesta época em que a mídia revela tantos modelos de autoritarismo, corrupção, ignorância e violência, o que aumenta a nossa responsabilidade de mudar o rumo deste presente e de modelar outros exemplos, perspectivas e esperanças para as novas gerações.
Este livro é um passo preciso e precioso. Este livro pode inspirar orientações e orientadores, aprendizes e educadores. Este livro nos faz compreender níveis mais profundos da paz. Trata, ainda, da questão da tolerância, nos oferecendo ferramentas para seu melhor discernimento. Também aborda os direitos humanos, nos dando, com isso, a oportunidade de ver a longa trajetória que custou à civilização para construir, transformar e evoluir as diversas formas de sociedades ? do código de Hamurabi à Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Ao lê-lo com atenção poderemos reconhecer a imperiosa necessidade de moldar e internalizar valores. Pois direitos sem valores é como cigarro: pode provocar câncer ? social.
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Kaká Werá Jecupé é índio de origem tapuia, escritor, ambientalista, conferencista; fundador do Instituto Arapoty, organização voltada para a difusão dos valores sagrados e éticos da cultura indígena. É empreendedor social da rede Ashoka de Empreendedores Sociais e conselheiro da Bovespa Social&Ambiental. Desde 1998, leciona na Fundação Peirópolis e na UNIPAZ (Universidade da Paz). Tem como missão ajudar na construção e no desenvolvimento de uma cultura de paz pela promoção do respeito à diversidade cultural e ecológica. Já viajou e palestrou em diversos países, entre eles: Inglaterra, Estados Unidos, Israel, Índia, Escócia, México e França, sempre procurando levar mensagens da sabedoria dos povos ancestrais do Brasil. Pela Editora Peirópolis já publicou Tupã Tenondé e A terra dos mil povos – História indígena do Brasil contada por um índio.
Em 2007 publicou pela Editora Peirópolis As fabulosas fábulas de Iauaretê.
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