A mão e a luva em quadrinhos
A mão e a luva foi publicado originalmente em capítulos diários, em 1874, no então popular formato de folhetim, pelo jornal O Globo. Precursor das novelas de rádio e televisão, o romance de folhetim era apresentado em capítulos que geralmente acabavam em suspense, deixando um “gancho” para forçar o leitor a comprar a próxima edição do periódico de maneira a descobrir os acontecimentos seguintes da trama.
Influenciado pelo movimento romântico da literatura, tão em voga à época, A mão e a luva traz um estilo um tanto diferente daquele que marcaria a obra de Machado de Assis. Porém, os críticos e estudiosos do autor notam que uma de suas características mais marcantes, o sarcasmo, já se fazia presente. A obra também se destaca pela apresentação de personagens femininas complexas e bem delineadas.
Afilhada órfã de uma rica baronesa, a astuta e decidida Guiomar, de 17 anos, é disputada por três pretendentes que, a rigor, não parecem merecedores de uma personalidade tão forte quanto ela. A tônica da trama é a ambição e o desejo de ascensão social no rigoroso estatuto social burguês da época.
O enredo cheio de meandros e reviravoltas conquista com facilidade o leitor, que desejará saber quem será o escolhido de Guiomar, aquele que lhe cabe na mão como luva. Em meio a uma batalha de palavras, intrigas, sentimentos e ressentimentos, também tem papel importante a ardilosa governanta inglesa Mrs. Oswald, que tenta influenciar o desfecho da história e os destinos de todos.
Com rara sensibilidade, o roteirista Alex Mir e o desenhista Alex Genaro, fãs da obra machadiana, utilizam os vastos recursos das histórias em quadrinhos para transpor A mão e a luva para uma mídia que guarda muitas semelhanças, em suas origens, com o próprio folhetim. Entre esses recursos, estão a divisão desta adaptação em dezenove capítulos que recriam a estrutura da obra original e uma apurada recriação visual do Rio de Janeiro no período do Império, elementos que trazem à vida de maneira inédita um dos livros mais apaixonantes de Machado de Assis.
Confira abaixo um trecho da obra:
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