A experiência de uma leitora com Tayó
De autoria de Kiusam de Oliveira, O mundo no Black Power de Tayó possui uma página no Facebook, que tem por objetivo colocar os leitores em contato com a princesinha africana e interagir, fazendo com que a mensagem do livro chegue a muitas pessoas. Entre os muitos comentários que recebemos de nossos leitores, tivemos recentemente o imenso prazer de ler o depoimento reproduzido abaixo, de Bia Aloyá.
Confiram o experiência dessa leitora com o livro e veja como O mundo no Black Power de Tayó pode contribuir – e tem contribuído – para a valorização da cultura e identidade negra. Vejam:
“Gostaria de registrar aqui a feliz experiência que compartilhei com minha afilhada e alunos a partir da obra de Kiusam. Assim que adquiri o livro, carinhosamente autografado pela autora, tive a oportunidade de acrescentar outra assinatura de peso à obra: Ericka Huggins! A Black Panter que esteve no Brasil pra refrescar nossa memória insurgente e encher nossos corações de esperanças. Essa figura incrível incrementou o livro com a bela mensagem “Always love yourself!”, endereçada pra minha linda afilhadinha.
Tive oportunidade de ler a obra pros meus alunos um dia antes de presentear a minha afilhada e o resultado foi franco e imediato, os alunos começaram a se observar e identificar quais se pareciam com a Tayó, um deles chegou a comentar: “Eu sou marrom que nem a Tayó né Prô?”, “Olha Prô, o cabelo dela é igual o da M.”… Foram depoimentos espontâneos e muito válidos, que abriram um espaço incrível para se trabalhar identidade racial em sala de aula. No momento em que Tayó se defende das discriminações dos colegas de sala foi possível dialogar com o menino que havia dado risada no momento em que apresentei a capa, mostrando os cabelos da menina. Quando Tayó disse que o preconceito era na verdade “dor de cotovelo” o menino (branco dos cabelos lisos) se calou e olhou pra baixo, demonstrando entender que sua risada havia sido um erro.
No dia seguinte recebi a visita da minha linda afilhada, e a presenteei com o livro. Ela folheou e ficou tentando adivinhar o que eram os desenhos. Depois contei a ela a história, e ela muito atenta me questionava coisas a respeito da Tayó. Quando cheguei no momento em que as várias formas de penteado eram possíveis ela fez uma pergunta emblemática “Igual o da Rapunzel né, Dinda?”, e eu lhe disse que não, que o da Tayó era diferente e muito lindo, que no cabelo da Rapunzel não era possível fazer tranças tão lindas como as da Tayó e a dela, que não era possível fazer um black power tão lindo como o da Tayó e o dela, pois era diferente, ela me interrompeu dizendo que então o dela também era bonito, e eu afirmei que sim. Foi uma experiência deliciosa, em especial no momento em que a personagem mãe aparece como referência e ela (minha afilhada) olha pra minha comadre (mãe dela) com um carinho indescritível no olhar. Ao final ela perguntou mais uma vez “Mas não é liso o cabelo dessa princesa?” e eu disse que não, que as princesas africanas tinham os cabelos crespos, ela afirmou que havia entendido, deu alguns passos e voltou “É crespo né dinda?” Disse que sim e ela saiu com o livro na mão recontando a história pra si mesma. No caminho de casa ela me disse que ia ler a história pra avó, pro tio, pra prô, pras amiguinhas rsrsrs. Prometeu-me cuidar bem da Tayó, pois a Tayó era uma princesa como ela e que sempre que sentisse vontade pedisse pra sua mãe ou mesmo eu ler pra ela.
Quero agradecer muito a Kiusam e parabenizá-la imensamente pelo lindo trabalho. Grande beijo!”
Bia Aloyá, leitora
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